Dona Izaura é a mulher inquieta que revela como chegar aos 90 "numa boa"

Batendo na trave dos 90 anos, a prudentina e aquidauanense de coração Izaura Francisca de Oliveira é uma das nossas queridas figuras. Mulher da roça, atualmente aposentada – mas nenhum pouco conformada –, ela continua sendo uma mulher super ativa até os dias de hoje. Viúva nada solitária (afinal, é a matriarca de "apenas" 12 filhos e 15 netos), se trata da vegetariana pioneira na cidade e a "chegadinha" na Bíblia (já leu de cabo a rabo inúmeras vezes), com muito fervor na fé.

Será essa a sua fórmula de vida?
Batendo na trave dos 90 anos, Dona Izaura é a aquidauanense de coração que nos ensina a levar a vida "numa boa".

É o que o O Blog gostaria de descobrir. Dona Izaura é uma daquelas pessoas que fala o suficiente para nos ensinar muito. Nada mais justo do que oportunizar uma reportagem sobre essa senhora que simplesmente se descreve como a mulher mais alegre do mundo, em que sua companhia basta – e muito.

Então, diz aí dona Izaura, como fazermos para chegarmos lá?


"Acho que a alegria é o melhor dos caminhos. Nunca fui triste, sempre me mantive uma pessoa feliz mesmo em meio às adversidades. É a minha essência. Porque a vida é isso mesmo, viu? Se eu pudesse dar apenas um conselho, diria: 'não tenha tempo ruim'. Se você levar a vida numa boa, ela vai te levar numa boa também".
"Acho que a alegria é o melhor dos caminhos... sempre me mantive feliz em meio às adversidades; é a minha essência".

Dona Izaura continua a ser a mulher ativa que sempre foi, mesmo hoje aos 88 anos. "Não tenho a menor vontade de parar, meu filho. E se eu parar, é porque estarei doente, com os dias contados", afirma.

A primeira coisa que essa senhorinha faz ao acordar – antes do raiar do dia, bem cedinho mesmo – é orar. "Afinal, sou uma pessoa pautada em muita oração", confirma. Depois prepara seu chá, nada de café, faz alguma coisinha para comer e já segue na sequência com as diversas atividades planejadas para o dia.
Aos 88 anos, dona Izaura é a mulher bastante ativa que já vai cuidar das suas "queridas" (as flores) ao acordar.

"Vou direto para as flores. Depois, cuido dos meus cachorrinhos. Claro, sem esquecer de ler a Bíblia todo santo dia. É minha forma de agradecer por estar viva! Ainda, cuido da casa, lavo roupa, faço o almoço, carpo o quintal e cuido um pouquinho mais das minhas 'queridas' [flores]", detalha.

Ainda, dona Izaura "esconde" um lado seu de pioneira (e muito antes de virar moda): o vegetarianismo. "Isso há 47 anos, viu?", se orgulha. A motivação veio como um ato de fé, quando entrou para a comunidade adventista.

"Todos estranhavam, falavam que eu iria passar fome. Mas não passei. Hoje em dia as pessoas já estão mais acostumadas com isso do que no passado, já é algo bem comum", afirma.
Adventista fervorosa, dona Izaura foi umas das pioneiras no vegetarianismo, seguindo há 47 anos com o mandamento.

Morando sozinha e levando sua vidinha na mesma casa que há anos mora em Aquidauana, dona Izaura é aquele tipo de pessoa que sua companhia basta – e muito.

"Só nós mesmos formamos a nossa melhor companhia. Mas claro que é sempre bom ter alguém que amamos por perto para cuidar da gente também de vez em quando", revela sobre os filhos e netos que não deixam de frequentar a residência da matriarca, eixo central da vida da família Oliveira.
Pautada na fé, dona Izaura nunca deixou as orações de lado; tanto é que já leu a Bílbia Sagrada inúmeras vezes.

Para ela, a idade serve apenas para uma coisa só: sabedoria. Mesmo morando em uma cidade do interior, dona Izaura acompanhou de perto a mudança, da vida social, das tecnologias, do mundo. Mas, se pudesse dar um palpite, o que arriscaria que mais está faltando?

"Certamente a união! Se todos nós fôssemos mais unidos estaríamos bem diferente agora. Acho que a religião faz falta nesse sentido. Somos todos filhos de Deus, então deveríamos seguir o caminho da vida de uma forma mais unânime", acredita.

Já na "temporada" covid, o aprendizado que ela mesmo carrega é outro. "O vírus veio para nos mostrar que a nossa desobediência é grande, e que precisamos parar de só fazer o mínimo e nos cuidar mais, bem mais", opina.
"A covid veio para nos mostrar que a nossa desobediência é grande, e que precisamos nos cuidar mais, bem mais".

Para descontrair e encerrar a conversa com O Blog, essa senhorinha gente fina faz até uma piada:

"Nos meus tempos de criança, me lembro de apanhar 'bonito' dos meus pais pra parar de rir. Quando eu morrer, acho que vai ser a mesma coisa, mas sem palmada! É que na minha simplicidade eu sou feliz..."


O Pantaneiro

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