Plataforma quer treinar novos YouTubers Cristãos
Se você abrisse o aplicativo ou site do YouTube agora, encontraria facilmente conteúdo sobre uma ampla variedade de assuntos, incluindo o cristianismo. De acordo com pesquisa publicada pela Cisco em 2019, a plataforma do YouTube é atualmente a segunda mais pesquisada na internet.
Conheça o projeto que alimenta diariamente cerca de 2 mil pessoas em situação de rua na
Um estudo realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional revelou que 19 milhões de brasileiros passam fome atualmente. Roraima é um dos estados que viram o efeito devastador da falta de comida. Estima-se que cerca de 20% da população dessa região sejam compostos de refugiados e migrantes do país vizinho, a maioria deles vivendo em situação de rua. Sem meios de suprir suas necessidades, esse grupo sofre especialmente com a escassez de alimentos.
Sinais dos Tempos- MÉDICOS RELATAM MEDO E ANGÚSTIA COM AVANÇO DA PANDEMIA DE COVID-19
“Comunica ao ar infecção mortal, e milhares perecem pela pestilência...” escreveu Ellen G. White em 1880. Jesus disse que um pouco antes de Sua volta, o mundo estaria em um estado confuso de perplexidade e “homens desmaiando de terror na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo...” (Lucas 21:25 e 26).MÉDICOS RELATAM MEDO E ANGÚSTIA COM AVANÇO DA PANDEMIA DE COVID-19 - A escritora norte-americana Ellen G. White inspirada por Deus escreveu em 1880 o que aconteceria com a humanidade pouco antes da volta de Jesus. O que está ocorrendo hoje no mundo é o último sinal da volta de Jesus. Jamais houve uma angústia tão grande como está acontecendo hoje no mundo. A classe médica em todo o Brasil e no mundo tem sofrido com o medo - crises de ansiedade, ataques de pânico, luto e síndrome de burnout são os diagnósticos mais frequentes.
A médica mineira Júlia Rocha, 36, completou na manhã desta sexta o seu quinto plantão de 12 horas em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Belo Horizonte (MG). Ela diz que toda a equipe está no limite. "Num plantão normal, a gente já não almoça. Mas agora está num ritmo absurdo tão grande que a gente está deixando de tomar água para não precisar parar e ir ao banheiro."
Sua maior angústia é pensar na possibilidade de muita gente jovem e idosa morrer de Covid-19 por causa da sobrecarga e da falta de recursos dos serviços de saúde. "Não vai ter respirador, não vai ter oxigênio, não vai ter medicação. E não vai ter corpo clínico ou de enfermagem para atender todo mundo. O número de médicos, de enfermeiros, está longe de ser o ideal para o que nos avizinha."
Ao mesmo tempo, tem se assustado com o número de jovens que têm chegado com quadros de insuficiência respiratória. "São pacientes jovens que tiveram que manter a rotina de trabalho mesmo com sintomas clássicos da Covid-19. Há também pessoas com comorbidades [outras doenças associadas] que chegam instáveis dos seus processos de doença antigos", diz a médica de família.
Em São Paulo, a médica Jéssica Leão, 29, que atende em uma UBS e em um hospital municipal, conta que tanto os profissionais de saúde quanto pacientes estão à flor da pele. "O clima está o mais tenso possível, de pânico mesmo. As pessoas estão discutindo, estão brigando. Quase todo dia tem guarda municipal ou polícia na UBS. Nesta semana, atendi seis pessoas com transtorno de ansiedade muito importante. Estamos vivendo também uma pandemia de saúde mental."
Segundo ela, muitos profissionais de saúde estão com medo de se contaminar e levar coronavírus para casa. Leão também se queixa da falta equipamentos de proteção individual (EPIs)."Todos os meus colegas daqui e de outras regiões do país estão sofrendo com falta de máscaras, óculos, luvas, capotes descartáveis. A gente se expõe muito por conta disso. Eu mesmo estou usando máscaras que o meu marido arrumou para mim de outro hospital em que ele trabalha."
O médico Luis Vilela, 35, trabalha numa UBS em Apucarana e numa UPA de Londrina, ambas no Paraná. Nos dois serviços ele tem atendido pessoas com síndrome respiratória e vivido situações de muito estresse.
"Os funcionários estão com muito medo. Teve um dia que uma técnica de enfermagem me disse: 'Tem que pegar a veia mesmo? Não dá para dar dipirona via oral?'. Eu disse que não, o paciente estava muito desidratado'. Ela me olhou torto. As pessoas estão com receio do toque, do cuidar."
A preocupação de contágio não é só com a falta dos equipamentos. Júlia Rocha conta que após atender um paciente suspeito é preciso desinfetar todo o consultório.
"Estetoscópio, aparelho de pressão, termômetro, a maca em que o paciente sentou, o teclado e o mouse que a gente pegou, a impressora, enfim, tudo. Teoricamente, teria que ficar um tempo sem atender naquele local, mas não há consultório suficiente."
Os locais previstos para isolamento dos pacientes suspeitos também já não são mais suficientes. "O meu medo é que a gente não dê mais conta. Isso não está longe de acontecer, especialmente agora com essa mensagem para as pessoas voltarem às suas rotinas. A gente vai ter que negar atendimento para poder atender os casos mais graves."
O atendimento seria negado nos casos que não são considerados urgente mas que causam grande sofrimento ao paciente, como uma cólica renal. "Se não tem critério de gravidade, mesmo que o paciente esteja urrando de dor na nossa frente, vamos ter que negar atendimento porque estaremos com outro paciente grave precisando de um respirador. Isso me angustia muito. Do começo da semana para cá, eu sou uma outra pessoa, mas estou encarando tudo isso como uma missão de vida."
Júlia Rocha diz que, se fosse pensar só nela e em seus familiares, já teria desistido. "Minha vontade é de esperar 14 dias e reencontrar a minha família. Mas eu sei que eu não posso fazer isso. Faz uma semana que eu não vejo a minha filha e o meu marido, que estão na casa da minha mãe. Não quero fazer drama. Esse é um processo que precisa ser vivido."
Luis Vilela também se sente triste com a mudança da rotina. "Minha mulher, meu dois filhos pequenos, o cachorro, o gato, todos vinham me receber na porta quando eu chegava do trabalho. Agora eu tenho que afastá-los. Tiro a roupa logo que chego, vou direto para o banheiro. Só depois me permito dar um beijinho na cabeça das crianças e afagar os meus bichinhos. E vou vivendo a vida", diz ele, com a voz embargada.
Há várias iniciativas em curso para dar suporte emocional a distância aos profissionais de funcionários da saúde durante a pandemia de coronavírus. Crises de ansiedade, ataques de pânico, luto e síndrome de burnout são os diagnósticos mais frequentes, segundo a psicóloga Christiane Valle, coordenadora de telepsicologia na empresa Conexa.
Valle diz que a maior aflição de todos é saber que, ao atender os pacientes, estão colocando suas vidas e as de seus familiares em risco. "A maior parte das empresas colocou seus funcionários em home office, mas para os profissionais de saúde essa possibilidade não existe. Eles estão à frente da batalha, atendendo os pacientes nos hospitais, coletando exames domiciliares, cuidando de casos graves e correndo riscos."
A psicóloga afirma que, ao ver um paciente grave, muitos desses profissionais temem que o mesmo aconteça com algum familiar no futuro. "Isso assusta muito. Além disso, alguns profissionais de saúde, por medo de contágio, pediram afastamento por meio de atestado. A carga de trabalho aumentou ainda mais."
FIM DOS TEMPOS: SOCIEDADE ABALADA
Em conexão com alguns fenômenos astronômicos, Lucas (21:25 e 26) registra três fenômenos psicológicos como sinais do clímax da História. São sinais diferentes, mas relacionados entre si: “angústia das nações”, indicando uma ansiedade coletiva; “o rugido do mar e das ondas”, com referência a um estado confuso de perplexidade; e “homens desmaiando de medo”, prevendo um desfalecimento geral.
O mundo está em pânico em consequência do coronavírus e o otimismo cedeu lugar à angústia. Quanto à perplexidade o termo grego original (aporia) significa literalmente “sem poros”, “sem saída”, e comunica o sentido de “dificuldade”, “incerteza”, “dúvida” e “ceticismo”. Isso ocorreria por causa do bramido do “mar e das ondas”, que, no simbolismo apocalíptico, representam “povos, multidões, nações e línguas” (Apocalipse 17:15).
Os sinais mencionados são apenas algumas pistas dadas pela Bíblia, que fala também de pestes e terremotos que ocorreriam pouco antes da volta de Jesus.
De acordo com o apóstolo Paulo, Cristo nasceu na “plenitude do tempo”, quando o relógio divino indicou a hora ideal. A Bíblia não diz explicitamente, mas a volta DEle também deve ocorrer na “plenitude” – e parece que os ponteiros novamente se movem para esse clímax.
Há vários paralelos entre este início de milênio e a época da primeira vinda. Por exemplo: crise de valores, intensa busca espiritual, revolucionário sistema de comunicação, divulgação da fé messiânica. Os Estados Unidos fazem o papel do Império Romano (o símbolo de ambos é a águia); a TV, a Internet e outros meios de comunicação, o de seus correios e estradas. O inglês equivale ao grego do primeiro século. Até a relativa paz de hoje teve sua contrapartida na “pax” romana.
Para ter uma ideia do cronograma divino, todas as peças do jogo devem ser levadas em conta. Um fator importante é a paciência de Deus. Embora nunca Se atrase, Ele espera até o limite, para salvar o maior número possível de pessoas. Outro fator é a perspectiva do tempo. Para nós, 24 horas podem parecer um ano; para Deus, mil anos são como um dia.
Além disso, os sinais não têm o mesmo peso. Jesus comparou Seu retorno a um parto e os sinais às dores. Guerras, tremores de terra e fome são apenas as primeiras dores. A peste (coronavírus) que hoje assola a humanidade é o último sinal da volta de Jesus. A pregação do evangelho em todo o mundo tem peso igual ao vírus que está deixando o mundo em pânico. O que indica a proximidade do “parto cósmico” são a frequência e a intensidade das “dores”.
É um conjunto de coisas que determinará o fim. Como só Deus conhece todas as variáveis e só Ele tem o poder, apenas Ele sabe o dia. Mas nós temos os sinais. A inteligência manda-nos observá-los. O objetivo não é tentar adivinhar a data, mas fortalecer a fé e preparar-nos para o êxtase do encontro. Nunca houve e nunca haverá no mundo um sinal como esse vírus que está matando milhares de pessoas.
Na verdade, há um paradoxo: Deus guarda mistérios, mas não faz nada em relação à Terra sem revelar aos profetas (Amós 3:7). Em nome da coerência, Ele disse o que acontecer, dando pistas ou sinais para os verdadeiros interessados se situarem, mas sem especificar a data. Essa estratégia tem as vantagens de orientar os crentes, fortalecer sua fé na profecia bíblica, manter o senso de urgência e incentivá-los ao preparo.
A segunda vinda de Cristo é mencionada ou discutida em 1.800 passagens da Bíblia. Apesar de sua importância, o assunto ficou meio esquecido na última década. Agora, com a devastação do coronavírus, o silêncio começa a ser quebrado e milhares clamam pela volta de Jesus. O mundo nunca mais será o mesmo (Foto: Divulgação).
*Júlio César Prado é jornalista
Precisamos de adventistas DOS sete dias e não apenas NO sétimo dia
Haverá casamento e sexo na nova terra?
As perguntas que surgem, de pronto, quando estudamos esse tema é: Na Nova Terra, continuaremos como família assim como somos aqui nesta Terra? Esposo, esposa e filhos continuarão sendo família, e morarão juntos? Haverá relações conjugais no mundo vindouro?
Desbravadores arrecadam 5 toneladas de alimentos no fim de semana
Uma ação do Clube de Desbravadores Guardiões da Paz, de Marialva, interior do Paraná, em parceria com o Ministério Jovem, arrecadou 5 mil quilos de alimentos em um fim de semana. No total, 125 cestas básicas serão montadas e entregues para famílias da comunidade que precisam de ajuda.
A fuga das cidades
O êxodo urbano, a saída em massa das metrópoles, virou uma tendência mundial e é verificado em muitas grandes cidades neste momento. Impelidas pela pandemia, as pessoas estão, simplesmente, abandonando áreas mais densas e se mudando para o interior, comprando e alugando casas ou aproveitando muito melhor as que já tinham. Com a disseminação do home office, quem pode e tem essa opção está indo para o campo ou para as praias, em busca de tranquilidade para trabalhar e, principalmente, de qualidade de vida e segurança sanitária.
Poder respirar na natureza, ficar à vontade num quintal que seja, ou à beira da piscina, se tornou muito mais interessante do que permanecer isolado num apartamento. O isolamento social deixou o ar livre ainda mais precioso e cobiçado. E todos querem se afastar do epicentro da doença para diminuir os riscos de contágio. De um modo geral, o coronavírus vem fazendo muitas pessoas repensarem onde querem viver por medo, questões de sobrevivência ou mesmo por projeto pessoal. Não se trata apenas de um retiro emergencial, mas de uma preparação para uma saída definitiva da cidade grande. A possibilidade de trabalho remoto abre um campo vasto de opções para a moradia. Essa é uma tendência que se percebe principalmente no topo da pirâmide social, onde as pessoas têm dinheiro para realizar seus projetos de curto prazo, mas que, também, avança forte pela classe média. Há, por exemplo, uma procura crescente, nos últimos meses, por casas em condomínios de luxo no interior e litoral de São Paulo. Em alguns locais privilegiados, a procura por imóveis multiplicou por seis em relação ao ano passado.
“Eu não aguentava mais o trânsito infernal e a falta de espaço. Por isso abandonei a capital e a vida de executivo” Alessandro, ex-diretor financeiro e empresário
É o mesmo fenômeno que acontece em torno de outras grandes cidades, como Nova York e Londres. Em Nova York há uma intensificação das compras e da busca por oportunidades imobiliárias no subúrbio. No norte de Manhattan, em Long Island, constata-se uma corrida pós-pandemia por casas mais espaçosas e com jardins, assim como nos condados de Bergen, Rockland e Westchester. Pesquisa recente realizada pela corretora Redfin mostrou que 50% dos entrevistados de Nova York, Boston e São Francisco consideram seriamente uma mudança definitiva para fora da cidade se o trabalho remoto se tornar permanente. Em Londres, um levantamento realizado pela Totaljobs, revelou que um quarto dos habitantes pretende continuar trabalhando à distância, fora da capital, mesmo quando acabar a quarentena. Um terço da população londrina declara que tem planos de viver em áreas rurais em breve ou nos próximos anos e que essa vontade aumentou depois da Covid-19. Em São Paulo, a situação é parecida.
“A procura por locação de imóveis de luxo no interior cresceu no início da pandemia porque as pessoas se viram aprisionadas e isso acontece bem numa época em que a taxa Selic está baixa, o que favorece as compras e financiamentos”, destaca Maria Marchetti, corretora da Bossa Nova Sotheby’s, imobiliária que atua no segmento de alto padrão. “Tenho clientes querendo comprar casas em condomínios como Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz, mas não conseguem porque os terrenos estão quase todos vendidos. A média de preço de uma casa lá ultrapassa os R$ 4 milhões e, mesmo assim, estão sobrando interessados”, afirma. Segundo Maria, a demanda por casas de campo aumentou bastante durante a pandemia, em comparação com o ano passado. Entre janeiro e julho, o volume de vendas da Bossa Nova cresceu 28% se comparado ao mesmo período de 2019.
Com dinheiro no bolso e a certeza de que não quer mais viver em São Paulo, Alessandro, ex-diretor financeiro de uma multinacional, fez suas malas e rumou para o interior de São Paulo, onde mora seu pai, Paulo. O destino? Um condomínio de luxo no interior com ar puro, natureza e lazer para aproveitar com a família. Após árduos 25 anos na capital, ele relata que não suportava mais o “confinamento” dentro de seu apartamento, ainda que morasse em Higienópolis, área nobre da cidade. “Eu não aguentava mais o trânsito infernal e a falta de espaço, por isso abandonei a vida de executivo”, afirma. “Eu era aquele menino do interior que queria usar terno e gravata, estudar na FGV, fechar grandes negócios, mas para mim deu, cansei de São Paulo. A qualidade de vida no interior é bem melhor”, destaca. Casado com uma médica e pai do menino Heitor, o ex-executivo ressalta que a escola de seu filho era perto de casa e sua esposa também levava pouco tempo para chegar ao trabalho. Por isso, eles demoraram a mudar de ares. “Aqui tenho ar puro e deixo meu filho brincar solto no quintal, o que é incrível. Viver aqui me fez iniciar um negócio com meu irmão, iremos investir na construção de moradias populares – acredito que muitas pessoas estão migrando para o interior por conta desse conforto”, conclui.
Prevendo essa mudança de estilo de vida há anos, condomínios como Fazenda Boa Vista, Quinta da Baroneza, em Bragança Paulista,e Terras de São José, em Itu, localizados a 1h30 de São Paulo, foram projetados para pessoas que, assim como Alessandro, queriam espaço, mas sem abandonar os confortos da capital. “Teve aluguel que triplicou de R$ 50 mil para R$ 150 mil e mesmo assim os clientes alugaram em peso. Esgotou tudo em praticamente todos os condomínios de luxo”, afirma Guilherme Belluzzo, diretor da Agulha no Celeiro Imóveis Especiais. Especializado no ramo, Belluzzo ressalta que o estilo de vida nos três destinos acima podem ser casas de campo para os fins de semana ou moradia primária, visto que o morador não leva mais do que duas horas pra chegar lá vindo de São Paulo. “A estrutura desses lugares é padrão europeu, tem tudo do bom e do melhor”, afirma.
Segundo vários corretores de imóveis de luxo ouvidos pela ISTOÉ, o relato número um dos clientes procurando casas é: “Preciso de espaço.” Os paulistanos começaram a enxergar que há vida fora da bolha metropolitana chamada São Paulo – e como há. “A procura intensa gerou aumento no valor de imóveis em condomínios no interior e litoral, além de despertar atenção de quem não frequentava muito suas casas de campo. Essas pessoas estão utilizando mais seus imóveis”, afirma José Roberto Graiche Junior, presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC).
É o exemplo do empresário Danilo, da mulher Roseli e da filha Marina, paulistanos que utilizam sua segunda casa no litoral sul como nunca antes. Por conta das restrições da pandemia, que fechou o comércio e os espaços culturais, a família, que desfrutava das vantagens da cidade grande, viu suas opções de lazer diminuirem drasticamente. Mas há males que vêm para o bem. No momento em que se viram cercados pelo coronavírus, redescobriram a alegria da vida longe da metrópole, ainda que não possam migrar imediatamente por conta de algumas rotinas de trabalho. “Com a pandemia, repensamos os valores da vida e como é essencial estar perto da família e da natureza. Sentia falta de ficar com os pés na grama, respirar ar puro e observar o céu azul”, destaca Roseli.
A casa de Danilo tem piscina, área verde, varanda com espaço para almoço, entre outros cômodos. “Quando estamos aqui, meu marido faz questão de jantar na mesa com todos presentes, desfrutar os momentos, algo que em São Paulo é difícil de acontecer porque cada um tem uma rotina diferente”, afirma. Acenando positivamente após o comentário da esposa, Danilo exalta a proximidade da natureza com uma paixão de longa data: a jardinagem. “Amo plantas, quando estou aqui eu coloco as mãos na terra, planto uma coisa aqui e outra ali, ando descalço. Isso me faz muito bem. Dependendo do horário do dia, vejo até animais como esquilos e tucanos nas árvores pela manhã”, ressalta.
Para se ter uma ideia, especialistas no setor imobiliário apontam o crescimento entre 25% e 35% na procura por esses imóveis de alto padrão desde o início da pandemia, em março, e existe a tendência de aumento da demanda. Mesmo com vasta experiência no mercado, Renata Firpo, corretora da imobiliária Coelho da Fonseca, se surpreende com os valores pagos em aluguéis na Fazenda Boa Vista, destino da elite paulistana, construída a 1h30 da capital. “A média de aluguéis lá é de R$ 35 mil e teve gente que aceitou pagar mais de R$ 70 mil para não ficar sem casa”, destaca. Com mais de 200 residências distribuídas em mais de 12 milhões de m2, a Boa Vista caminha para se tornar uma “mini cidade”, extrapolando a ideia da segunda casa, que está virando a primeira. O condomínio concentra campos de golfe, quadras de tênis, spa, trilhas, fazendinha com animais, além do Hotel Fasano, empreendimento com cerca de 39 apartamentos – sendo 12 suítes. Isso explica a disputa por uma vaguinha na propriedade. “Se a pessoa trabalha na capital e leva duas horas pra chegar em casa do serviço, morando em um apartamento, por quê não morar aqui?”, pergunta. “Tudo isso perto da capital e você tem conforto, lazer, natureza. Isso é o futuro, aliás, o presente”.
Conforto milionário
A coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL), Gisele Catarine, relata que o isolamento forçado desencadeou atitudes extremamente emocionais e desesperadas, além de estreitar as relações sociais, o que pode explicar a incessante demanda por uma casa de campo. Há um estresse e uma sensação de perigo, que se torna sufocante para algumas pessoas e deixa a vida urbana cada vez menos atraente. “O conforto psicológico e emocional foi abalado pela perda do controle da situação, reflexo da Covid-19. Quem tem dinheiro, compra ou aluga uma casa espaçosa na ilusão de fugir da doença, mas o vírus ainda está lá fora e não escolhe sua vítima com base na conta bancária”, afirma a psicóloga. Seja como for, o distanciamento de locais com alta contaminação, como são as grandes cidades, é confortante e faz pensar que uma vida mais tranquila, em um ambiente bucólico, é possível.
Foi exatamente nisso que Roberto e Rosana Miranda pensaram quando decidiram deixar São Paulo. O casal, que possuía uma casa de campo em Mairiporã, a 40 quilômetros da capital, decidiu mudar de vez pra lá, mesmo que a ideia não estivesse nos seus planos de curto prazo. “Isso era um objetivo para daqui uns três anos, mas no início da pandemia viemos pra cá, ficamos mais tempo que o habitual e deu certo. Temos liberdade, ar fresco e os cachorros brincam no jardim. É uma verdadeira paz”, afirma Rosana. A vida frenética em São Paulo criou um estigma de que enquanto a pessoa não se aposentou, o campo serve apenas como retiro de férias, mas até os mais jovens perceberam as maravilhas de viver sem o estresse cotidiano da metrópole. Roberto e seus filhos, Danilo e Vitor, são engenheiros civis e contam com a expertise administrativa de Rosana para conduzir a empresa da família. “Estamos construindo um escritório aqui e remodelando tudo. Não precisamos estar na capital para atuar em alto nível”, diz Rosana. “Meu pai e eu funcionamos bem daqui, quando precisarmos fazer as visitas, teremos que sair, mas fora isso, não tem do que reclamar”, completa Danilo.
A frase “Conhece-te a ti mesmo”, máxima atribuída ao filósofo grego Sócrates, praticamente forjou as bases da filosofia e milênios depois, nos ajuda a entender o comportamento do ser humano. Para o professor de Filosofia do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL), José Marcos, a vida no campo, que se torna um objetivo de cada vez mais brasileiros, tem a ver com o contraste entre o bem-estar pessoal e a finitude da vida. “Quem tem dinheiro precisou apenas de um motivo mais forte para migrar rumo ao interior. Talvez, antes da pandemia, o motivo fosse vencido pela necessidade de trabalhar na capital”, destaca. Com o home office, essa necessidade diminuiu. Partindo do pressuposto que o vírus ceifou milhares de vidas, refletir sobre quão rápido a existência passa despertou a vontade de colocar a felicidade na frente de tudo. “A qualidade de vida contou muito. O cuidado com o bem-estar fez muitas pessoas descobrirem os prazeres da vida, conhecer mais de si mesmas e se libertar de paradigmas sociais das cidades grandes”, diz.
Historicamente, as epidemias têm sido um fator de impulsão do êxodo urbano. A debandada de milhares de famílias paulistanas para o interior e o litoral obedece a uma lógica de guerra. Todos querem se afastar do perigo, dos locais em que a crise é mais evidente, ainda que esse afastamento seja mais imaginário do que real. O fato é que o medo de contrair a Covid-19 reforçou a sensação de aprisionamento dentro das casas e apartamentos na metrópole e levou as pessoas a repensarem onde e como querem viver. O isolamento, ainda sem data de término definida, mexeu com as estruturas sociais de tal forma que muitos se viram sufocados em seu próprio ambiente de paz, o lar. Agora, com a rotina de home office adotada por milhares de empresas, a modalidade de trabalho à distância está passando por um teste decisivo e mostrando que uma outra vida é possível. Não é por acaso que quem tem opção busca uma casa no campo. De uma hora para outra, as grandes cidades ficaram mais chatas e arriscadas para se viver.
https://istoe.com.br/a-fuga-das-cidades/
FILHOS NO TEMPO DO FIM- Porque muitos casais Adventista não querem filhos?
O início da pandemia em 2020 interrompeu o planejamento na vida de muitos brasileiros. Grande parte dos casais que gostariam de aumentar a família no ano passado em especial, tiveram que adiar seus planos com a esperança de que o clima de incerteza terminasse com a chegada de 2021. Porém, ele permanece.