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A Fé da Mulher Cananeia ou Sírio - Fenícia


Prepara-se. O que você vai ler nesse estudo irá lhe surpreender. Vamos a narrativa descrita pelos evangelistas Mateus e Marcos. Ambos descrevem de modo idêntico o encontro de Jesus com a mulher cananéia.


“ Partindo Jesus dali, retirou-se para os lados de Tiro e Sidom. E eis que uma mulher cananeia, que viera daquelas regiões, clamava: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada!. Ele, porém, não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, aproximando-se, rogaram-lhe: Despede-a, pois vem clamando atrás de nós. Mas Jesus respondeu: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Ela, porém, veio e o adorou, dizendo: Senhor, socorre-me! Então, ele, respondendo, disse: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Ela, contudo, replicou: Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa das crianças. Então, lhe disse Jesus: Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres. E, desde aquele momento, sua filha ficou sã.” Mateus 15:21-28.

Jesus pareceu ignorar o clamor da mulher gentia, nascida em  um lugar reconhecidamente idolatra, por esse motivo, os judeus se referiam àquele povo como cachorros, imundos, impuros.


Conhecendo a história de Canãa

Gn 10: 1- Estes pois são os filhos de Noé: Cam, Sem e Jafé.
Gn 10: 6- E os filhos de Cam são: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã.
Gn 10:15- E Canaã gerou a Sidom
Gn 10: 19- E os cananeus habitaram Sodoma e Gomora
Dt 20:17- Destruirás totalmente os cananeus

A nação de Canaã, portanto, teve inicio com o filho de Noé chamado Cam, o que foi amaldiçoado por ter zombado da nudez do pai. Por que cananeus são chamados também de Sirio-fenícios? Porque esse povo dominou a costa da Fenícia, especificamente a cidade litorânea chamada Sidom (primogênito de Canaã). 

Preste atenção a essa escultura cananeia, encontrada por arqueólogos em uma faca do período pré dinástico. É considerado o objeto mais antigo que se tem notícia. Atualmente está em exposição no museu Louvre. O objeto foi nomeado de "Gebel Al Arak" (nome do local onde foi encontrada, no alto Egito) 




A escultura representa um culto aos deuses cananeus.  Os leões estão sempre presentes na mitologia egípcia que se alastrou entre os povos considerados pagãos e/ ou gentios. Na cena inferior da escultura, há dois cães usando coleiras. Representam as constelações de Big e do Little Dog, próximas de Vênus. Cachorros, portanto faziam parte do culto cananeu que exaltava a astrologia. Talvez esse seja um dos motivos que levou os cananeus a serem chamados de "cachorros" pelos judeus. Eles literalmente cultuavam cachorros.

O Pão dos filhos

Cananeus eram gentios, judeus filhos. A resposta de Jesus para a mãe desesperada, traduzia um impedimento para o milagre? Seriam os cananeus indignos, impuros, a ponto de não merecerem pão, mas migalhas? Ou seja Promessas, Palavra de Deus, mas restos?

O milagre realizado na filha da mulher cananeia, é registrado em Marcos, como sendo o primeiro destinado a um gentio. Em Mateus, contudo antes da cananeia, Jesus cura o servo de um centurião romano e após a cura, elogia a fé dele dizendo: "Digo-vos portanto que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugar à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no Reino de Deus" Mt 8:11. Jesus destina um lugar de honra também para gentios: sentados à mesa com Abraão, comendo do Pão.

Os acontecimentos não estão organizados nos Evangelhos de modo cronológico, por isso, é impossível afirmar se a mulher cananeia foi a primeira gentia a receber um milagre de Jesus, ou teria sido o centurião romano? O certo é que em momento algum nos Evangelhos, Jesus discrimina  pessoas por etnia ou qualquer outra característica, pelo contrário: Ele falou com uma samaritana e prostituta, quando ninguém dava o devido valor a ela. Judeus não falavam com samaritanos Jo 4: 1-30.

Não atendendo prontamente aquela mulher, Jesus estava doutrinando tanto discipulos quanto a própria cananeia. Os discipulos aprenderiam a não fazer acepção entre "ovelhas e cachorros" entre judeus e gentios: "Deus não faz acepção de pessoas" At 10:34.

Mulher, os pães são destinados aos filhos! 




Entendo que a mulher cananeia tinha um problema: não priorizava a família. Sua filha, ainda criança, estava possessa, um evidente sinal de que havia algo errado com a filha, mas primeiramente com os pais. 

Descrita pela própria mãe como "violentamente atormentada", a criança havia ficado em casa sob os cuidados de terceiros, enquanto ela (a mãe) buscava ajuda em Jesus. A mãe, sempre escolhera o lado de fora de casa  à companhia dos filhos, nesse dia e momento critico, por um nobre motivo (mais uma vez)  escolheu sair e deixar alguém com a filha. 

Não pude deixar de comparar a atitude da mãe, com a do centurião romano que vendo o seu servo doente, preferiu ficar em casa, ao lado dele, dando assistência e pedir a um soldado que fosse ao encontro de Jesus. A história do centurião, transmite algo de bom sobre relacionamentos. 

E a mulher cananeia? Jesus quis ensiná-la, através do próprio exemplo, de que a prioridade nos relacionamentos é para família, para os filhos, as migalhas, para os "cachorrinhos". Ao dizer aos discípulos: "Não fui enviado senão ás ovelhas perdidas de Israel", Jesus já sabia exatamente o que viria na sequência de suas palavras. Enquanto a mulher gritava por Ele, Ele caminhava e mesmo ouvindo o clamor, escolheu calar-se. Ele agiu semelhante ao apedrejamento da mulher adúltera: Ele escrevia na areia, enquanto cobravam Dele uma atitude. A atitude já estava tomada, mas todos ali precisavam de uma lição: "Quem nunca pecou, atire a primeira pedra".

A atitude de Jesus para com a mulher cananeia também já havia sido tomada, Ele jamais a rejeitaria, Ele nunca abandona um clamor vindo de um coração sedento. Aquela mãe estava desesperada, porém precisava aprender. Fazer o milagre e despedi-la seria consentir que ela continuasse na mesma prática de neglicenciar seu lar.

"Mulher, não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos"

Mulher, cuida primeiro dos seus, depois dos de fora. Esse diálogo pareceu muito obvio para os discípulos, mas Jesus queria arrancar algo mais da mulher, Ele queria fazê-la compreender que não lhe bastaria receber o milagre, mas mudar a direção de sua vida, seu comportamento. E ela entendeu! Parecia improvável que entenderia algo tão profundo, mas em sua resposta estava a revelação de sua fé, daquilo que perscruta o Espírito Santo, que transcende o natural!

"Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos. Então, lhe disse Jesus: Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres. E desde aquele momento, sua filha ficou sã"

Sim, Senhor, a partir de hoje minha filha se assentará à  mesa a comer do pão, as migalhas serão para os cachorrinhos. Mateus diz que quem se assenta à mesa a comer pão, são as crianças. Algumas traduções trazem "da mesa de seus donos". Mateus 15: 21-28.

A palavra "cachorrinhos" no original grego, diz respeito a cachorro de estimação. Não são cachorros abandonados, de rua, mas mansos e domésticos.


Kunarion - cachorrinhos mantidos em casa como animais de estimação.

< div style="background-color: white; color: #666666; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13.2px; text-align: justify;">Foi uma forma carinhosa , usada por Jesus e não de agressão ou desdém. Os cachorrinhos, eram as muitas pessoas que recebiam atenção privilegiada da mulher cananeia. Não é errado sermos hospitaleiros e tratarmos bem os que não são de nossa família. Pelo contrário, a hospitalidade é recomendada, em Hebreus 13:2 diz: "Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, sem o saberem, hospedaram anjos." 

Porém, a família não deve ser colocada em segundo ou último plano, em detrimento de outros: 1Tm 5:8 "Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel"

A Fé da cananeia

É certo que ela precisou se humilhar para ser exaltada . Precisou reconhecer suas falhas, experimentar o silêncio de Deus para perceber que o encontro com Jesus tinha o objetivo de transformar não apenas a vida de sua filha, mas dela própria e de seu lar. 

Correr atrás de Jesus e reconhecer que Ele tem poder para fazer milagres, não é suficiente para encontrar a salvação e viver de forma vitoriosa. É preciso receber Jesus no coração, compreendendo o que Ele quer de nós, e obedecer.

Nenhuma fraqueza encontrada em nós deve ser motivo de vergonha para buscarmos a Deus, pelo contrário. Saibamos que Ele não rejeita os fracos e imperfeitos, mas os recebe com amor capaz de transformá-los em fortes: "Porque o Senhor é a força de seu povo" Sl 118:14.

Diante do silêncio de Deus ou de uma resposta inesperada, permaneçamos firmes, confiantes nos propósitos do Senhor. Se a mulher tivesse se intimidado, desisitido, não teria voltado para casa e encontrando sua filha liberta, não teria ela mesmo sido transformada. Com Jesus no coração as mudanças acontecem. Nem sempre da forma e no tempo que queremos, mas como precisamos.

Estamos destinando nossos pães, aos filhos ou aos animais de estimação?  Quem são nossos "cahorrinhos" ? Eles estão assentados à mesa ou comendo das migalhas? Nosso pão: tempo, força, fé, trabalho ... está sendo para Deus e a família ou para "os cachorrinhos"? Cachorrinhos aqui não é uma questão de nacionalidade, mas de prioridades.

Em Cristo. 

Wilma Rejane

Aprendendo Com a Solidão de Jó




Jó era um homem gentil , rico e de muitos amigos. Um personagem real que viveu no período patriarcal, tendo sido citado pelo profeta Ezequiel (Ez 14:14) e apóstolo Tiago (Tg 5:11). Acredita-se que ele era descendente de Naor, irmão de Abraão e que conhecia bem as promessas de Deus para seu povo, visto que, sempre se referia a Deus como El Shaday; forma hebraica para “ Todo Poderoso”. Esse modo de relacionar-se com Deus, indica reverência e dependência, Jó era testemunha do favor de El Shaday, a quem se mantinha fiel.


“Eis que temos por felizes os que perseveram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de tenra misericórdia e compassivo” Tg 5:11

A história de Jó é rica em poesia, uma demonstração de que é possível manter beleza em meio as mais terríveis assolações. Como pode um homem tão machucado pela vida manter viva a esperança de restauração? Jó não é um opróbrio, um monumento a miséria, tão pouco é sinônimo de pobreza, mas de um homem que sofre e ainda assim mantêm a fé. Ele é representação sublime e impactante de crueldade e beleza, de opostos que permanecem como incógnitas pontuando vida e morte. Em Jó, nos cercamos de questionamentos e também de respostas que permeiam os humanos: Por que sofrem os justos? Qual a origem do mal?

“ Por que em vez do meu pão me vêm gemidos, e os meus lamentos se derramam como água?” Jó 3:24


“ Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus, Vê-lo-ei, por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros o contemplarão “. Jó 19:25-27

Em Jó, se faz presente morte e vida, o estado último de “fim de túnel ” e de graciosa redenção. É a bondade de Deus sustentando o que parece desprovido de sustento, nos dizendo que não há acaso, nem vácuo no viver, mas que para tudo e todos existe propósito e através da fé no Redentor, o “impossível” se converte em milagre. E é especialmente sobre os milagres que advém da solidão que quero compartilhar nesse artigo.


Perguntas na multidão

O grande poeta e dramaturgo francês, Victor Hugo, também autor da obra Os Miseráveis, transmitiu em uma frase, o que seria solidão:“Todo inferno está contido nessa única palavra: solidão”. Penso que um público considerável de pessoas concordariam com ele e até o aplaudiriam. Solidão, é algo que incomoda porque o homem se completa, se realiza na convivência social. Solidão, portanto, pode ser sinônimo de fracasso.


Jó, experimentou a amargura da solidão. Ao perder todos os bens e ser privado da presença dos filhos, mortos um a um pela fúria do diabo, ele se viu doente e só, no que desabafou:Meus irmãos houveram-se aleivosamente, como um ribeiro, como a torrente dos ribeiros que passam,os quais se turvam com o gelo, e neles se esconde a neve;no tempo do calor vão minguando; e quando o calor vem, desaparecem do seu lugar. Jó 6:15-1. Jó compara seus irmãos a um ribeiro de águas consumidas pelo calor: evaporaram, sumiram.


Você já atravessou situação semelhante? Deixe-me lhe apresentar um caso que li recentemente. Trata-se do pastor Edward G. Dobson. Influente e cheio de amigos, dirigiu uma congregação de aproximadamente cinco mil membros, foi conselheiro de presidentes americanos e ícone de milhares de líderes. Hoje, tem por companhia: a solidão. Foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), também conhecida como doença de Lou Gehrig. Deram-lhe de 3 a 5 anos de vida e desde o diagnóstico, já viveu 11 anos.


“Eu fui de 100 quilômetros por hora a zero de uma hora para outra. Eu sei que soa um pouco sentimental… mas a verdade é que quanto mais eu vivo, menos as respostas eu tenho. As respostas desapareceram com a multidão”

Procuramos respostas na multidão, não é mesmo? Olhamos para os outros e eles nos dizem como estamos. O outro, acaba sendo nosso espelho. Se nos amam, estamos bem, se nos negam, abandonam, estamos mal, muito mal. Essa é uma realidade.


Respostas, na solidão.


Ao lermos o livro de Jó, percebemos claramente que na solidão ele teve a oportunidade de se achegar mais perto de Deus. Era Jó e Deus. Seus companheiros Zofar, Eliú, Elifaz e Abiúde tentaram responder e decifrar as causas do sofrimento, contudo não alcançaram o pensamento de Deus, nem foram capazes de confortar e intercederem por Jó. Deus sobre essa multidão que cercou Jó em seu leito, falou: “Minha ira se acendeu contra teus amigos porque não falaram de mim o que era justo, ora por eles, para que eu os perdoe” Jó 42: 7,8

O que aprendemos? As respostas que precisamos, não vêm das multidões. Estas, porém nos ensinam, na medida em que convivemos e também nos afastamos dela. Não estou a dizer que solidão faz bem ou que devemos procurá-la, de modo algum! O que digo é: homem algum é capaz de redimir, resgatar a alma do outro. É claro que nosso próximo pode ser, e muitas vezes é, instrumento de Deus para nos abençoar. Mas nossa força, fé, esperança, e toda expectativa, deve ser voltada para Deus. Ao agirmos assim, estaremos guardando tesouros na eternidade: “Porque onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração” Lc 12:34





Onde estava o tesouro de Jó? Por que ele venceu? Por que resistiu pacientemente? Eis a questão: jó estava firmado em Deus, por isso, não foi vencido pela solidão. Ao contrário: aprendeu com ela, se utilizou dela para crescer, ficar mais íntimo de Deus.

O pastor Edward G. Dobson. De quem falamos anteriormente, disse ter encontrado as respostas que precisava, na solidão: “Eu pensei que se eu soubesse que ia morrer, teria realmente lido a Bíblia e teria realmente orado como se deve. Mas durante anos o oposto era verdade. Eu mal tinha tempo de ler a Bíblia e tinha grande dificuldade de orar. Você fica tão sobrecarregado com outros compromissos que perde a perspectiva correta. Hoje não sou mais um pregador, me considero discípulo de Jesus e ponto final. Aprender um a um é tão importante quanto aprender com a multidão”


Através da vida de Jó, do depoimento do pastor Dobson e do meu próprio testemunho (encontrei a Deus na solidão) quero lhe desafiar a reservar tempo para ficar a sós com Deus. A dialogar com Ele, ler a Palavra, se deleitar com a oração. Deixe a multidão e se entregue ao colo confortável de Jesus. Deus quer nos ouvir, Ele quer nos curar, nos salvar de um mundo onde o pensamento imediatista impera. Peguemos a contra-mão da multidão que corre desesperadamente para agradar o ego. Há conforto na solidão, há respostas.


Se de alguma forma, você se sente só e abandonado, lembre-se: Deus esteve todo o tempo com Jó, Ele não o desamparou nem por um segundo, assim é conosco: “e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” Mateus 28:20. Encontremos propósito na solidão e não nos deixemos abater por ela.


A Alegria veio pela manhã

“Todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus, dos que foram chamados segundo o seu propósito” Rm 8:28. Esse é um dos meus versos preferidos. Na verdade, ele não sai de meus lábios, porque o firmei no coração. Acredito nessa promessa e mesmo quando as coisas parecem ir de mal a pior, confio na provisão de Deus. Me entristeço e choro, mas (e graças a Deus por esse mas) na oração e na Palavra, recebo conforto e ânimo que não encontro em nenhum outro lugar. Aprendi a não buscar respostas na multidão. Sim, antes de me tornar cristã, o telefone era uma rápida “solução”, alguns minutos de conversa com alguém parecia resolver o sofrer; mera ilusão. Hoje, mesmo quando pareço em pedaços, tem alguém do outro lado da linha: “Wilma, preciso de uma palavra, você pode orar por mim?”. Deus nos consola, para consolarmos. O segredo? Ele nos molda na solidão.


“O Senhor, pois, virou o cativeiro de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o Senhor deu a Jó o dobro do que antes possuía. “ Jó 42:10.
Homens cheio de fé e tementes a Deus encontram respostas na solidão.



Não sei se você já conhece toda história de Jó, ou parte dela, se sim ou se não, quero registar algo que chamou minha atenção. Vimos que Jó em sua miséria, foi abandonado pelos irmãos. No final de tudo, porém se lê:“Então vieram ter com ele todos os seus irmãos, e todas as suas irmãs, e todos quantos dantes o conheceram, e comeram com ele pão em sua casa; condoeram-se dele, e o consolaram de todo o mal que o Senhor lhe havia enviado; e cada um deles lhe deu uma peça de dinheiro e um pendente de ouro. “ Jó 42:11

Os irmãos apareceram quando Jó ficou são e rico novamente. Condoeram-se, o consolaram e o presentearam . Isso não deveria ter sido feito quando ele estava na miséria? Sim. Mas Jó os recebeu e não guardou mágoa ou rancor da família. Pelo contrário: os recebeu com amor. Não abandonou a esposa e prossegui a vida tão ou mais feliz que antes. Lição: é preciso perdoar os que nos deixam na solidão. Eles merecem nossas orações e amor. Isso é necessário para viver feliz.


Em Cristo

Quando Jesus não parou a tempestade...


“Logo em seguida, Jesus insistiu com os discípulos para que entrassem no barco e fossem adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia a multidão. Tendo despedido a multidão, subiu sozinho a um monte para orar. Ao anoitecer, ele estava ali sozinho, mas o barco já estava a considerável distância da terra, fustigado pelas ondas, porque o vento soprava contra ele.


Alta madrugada, Jesus dirigiu-se a eles, andando sobre o mar. Quando o viram andando sobre o mar, ficaram aterrorizados e disseram: É um fantasma! E gritaram de medo. Mas Jesus imediatamente lhes disse: Coragem! Sou eu. Não tenham medo! Senhor, disse Pedro, se és tu, manda-me ir ao teu encontro por sobre as águas. Venha, respondeu ele. Então Pedro saiu do barco, andou sobre a água e foi na direção de Jesus.


Mas, quando reparou no vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” Imediatamente Jesus estendeu a mão e o segurou. E disse: Homem de pequena fé, porque você duvidou? Quando entraram no barco, o vento cessou.” Mateus 14:22-32.


Navegando

Os discípulos entraram no barco em direção a outra margem, as águas estavam tranquilas e em determinado momento foram surpreendidos pela tempestade. Eles não sabiam e até se assustaram ao ver Jesus andando sobre as águas.


Dentre os doze, Pedro foi o único a andar sobre as águas, ainda que por um curto período, pois, começou a afundar. Os demais permaneceram no barco. Apesar da ousadia de Pedro, Jesus diz que sua fé é pequena por se deixar dominar pelo medo.


Um dos detalhes que me chama atenção nessa história, e que nunca ouvi ser destacado é:


Jesus não parou a tempestade para Pedro andar sobre as águas. Ele só ordenou calmaria depois que Pedro subiu para o barco.


A tempestade


Ela se deu no mar alto, a distância considerável da terra. Pedro e os demais tinham um destino certo que era chegar a outra margem, como Jesus lhes ordenara. A outra margem compreendia outra etapa do ministério, outro território, problemas e soluções diferentes. A outra margem, de certa forma, era crescimento em graça e conhecimento. O que os moveu foi a Palavra de Jesus, que mesmo não estando no barco, tinha conhecimento das seguintes coisas:



Dimensão do mar
Distância e acomodação da tripulação
Adversidades marítimas: vento, escuridão, frio e etc.

Jesus vai em direção a seus discípulos por cima da água e Pedro, ao ver aquilo, pede para fazer o mesmo no que é prontamente atendido. Mas Pedro afunda. A tempestade assusta Pedro que passa a considerar a circunstância muito maior do que a Palavra dada por Jesus: “Venha, em minha direção”.
Lições práticas


A Palavra de Deu é âncora, é Ela quem sustenta a alma e todo o ser em tempos de calmaria e também de tribulação.


“Para que, por meio de duas coisas imutáveis nas quais é impossível que Deus minta, sejamos firmemente encorajados, nós, que nos refugiamos nele para tomar posse da esperança a nós proposta. Temos esta esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu.” Hebreus 6:18,19


Tempestades são ocasiões próprias de quem vive, de quem caminha para “outra margem”, surgem como possibilidades de mudanças e crescimento. O amanhã é desconhecido, a vida é embricada em certezas e dúvidas, é necessário que assim seja para que depositemos nossa fé em Cristo ( haja o que houver, Ele não nos perderá de vista).


“Quando os dias forem bons, aproveite-os bem; mas, quando forem ruins, considere: Deus fez tanto um quanto o outro, para evitar que o homem descubra qualquer coisa sobre o seu futuro.”Eclesiastes 7:14


Consideremos que aquele barco pode ser nossa família, igreja, comunidade e etc. Não abandonemos o barco. Se decepcionarmo-nos com filho, esposa, igreja, o que seja, não deixemos que a decepção nos absorva a ponto de nos fazer afundar em mágoas, rancores e vingança. Estas coisas são pesos para a alma e ninguém permanece sobre as águas com tanto peso.


Em uma tempestade sob o mar alto, o comandante do navio ordena o lançamento de pesos ao mar a fim de salvar o navio e a tripulação. Há duas tempestades na Bíblia que mostram isso: a tempestade vivida pelo profeta Jonas e a vivida pelo apóstolo Paulo. Em ambas, foi necessário se desfazer dos pesos do navio para salvar vidas.


Pedro precisava abandonar o medo, o temor. Precisava abandonar a incredulidade de que aquela circunstância era maior do que a Palavra de Jesus que dizia: “Vem Pedro, eu te sustento”. Naquela água do mar da Galileia, o fantasma não era Jesus caminhando sobre as águas. O fantasma era a tempestade que açoitava Pedro e os demais, os fantasmas eram os temores de Pedro.


O medo tem a capacidade de dar dimensões gigantescas a situações. Na Bíblia há várias referências sobre “medo', em uma delas é dito: “O verdadeiro amor lança fora todo medo” I João 4:18. Medo aqui vem de phobos (Strong 5401) = fuga, fobia.


Houve um tempo que considerei este verso de João sobre o medo inatingível: como não sentir medo em determinadas situações? De fato, o medo pode ser até benéfico na medida que nos distancia de situações perigosas. O que João diz, contudo, não é que nunca devemos sentir medo, mas que o medo deve ser vencido, superado pelo amor. E o que é o amor? É Deus, é Cristo. Assim, olhando para Cristo, autor e consumador da nossa fé é que não somos dominados pelo medo.


Jesus não parou aquela tempestade para Pedro andar sobre as águas. E inúmeras vezes Ele não fará cessar as tempestades em nossas vidas pelo menos, não no momento que queremos ou pedimos. Jesus não parou aquela tempestade porque Pedro precisava aprender a confiar. Pedro precisava crescer. Pedro precisava abandonar os fantasmas que o assombravam, os pesos da alma, precisava lançar fora o medo e ser completamente habitado pelo amor.

É verdade, Pedro não orou pedindo para cessar a tempestade, pediu para andar sobre as águas no meio de uma tempestade. Pedro quis o extraordinário. Talvez estivesse deslumbrado com a possibilidade de protagonizar uma cena fantástica diante de seus amigos. Talvez não. Fato é que naquela situação, Pedro aprendeu que não era autossuficiente. O mérito de andar sobre as águas não seria seu, não era fruto de esforço pessoal, mas da fé em Cristo. Nem mesmo a fé de Pedro era mérito, mas dom, vindo de Deus, pois, a fé é dilatada pelo ouvir da Palavra (Romanos 10:17).

Jesus não deixou Pedro afundar e perder o barco de vista. Jesus estava lá e tinha total controle sobre a situação. Isso me deixa feliz, pois revela que há uma maneira de não naufragarmos que é confiar, ter fé em Cristo. E ter fé, neste caso, não é apenas acreditar na existência de Cristo, mas obedecê-lo. E quando foi que Pedro obedeceu? Quando andou sobre as águas? Não, foi quando estendeu a mão para Jesus segurá-lo. Foi quando reconheceu que sozinho não podia ir muito longe. Quando reconheceu que não bastava conhecer a Palavra sobre ' “andar por cima da água”, mas tinha que viver a Palavra.




Deus o abençoe, em Nome de Jesus.


Wilma Rejane