Leonardo Gonçalves cantou em posse de Lula


Convidados pela primeira-dama Rosangêla da Silva, a Janja, os cantores gospel Kleber Lucas, Leonardo Gonçalves, Clóvis Pinho, MN MC e Sarah Renata, participaram do Festival do Futuro, realizado após a cerimônia de posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), neste primeiro dia do ano. O evento reuniu mais de 20 artistas que se apresentaram em dois palcos, denominados Gal Costa e Elza Soares.

É a primeira vez que artistas do segmento se apresentam num evento de posse presidencial. Com a iniciativa, a organização do festival tencionou aproximar os evangélicos do novo governo, o qual terá o difícil desafio de se comunicar com o movimento religioso nos próximos quatro anos. Para Kleber Lucas, ganhador do Grammy Latino, cantar na posse de Lula “foi um sentimento de alívio e do resgate da democracia”. Segundo o artista, a apresentação neste evento “significou uma resposta democrática, feita não a partir duma visão metafísica ou até mesmo escatológica, mas do voto dos cidadãos”. O cantor Leonardo Gonçalves, conhecido do lado de fora dos templos por suas apresentações em shows ao lado de Ed Motta, revela ter se emocionado ao pisar o palco do evento. “Foi um momento de grande emoção, junto com meus irmãos de luta, de fé e de resistência”. Longe da pretensão de representar todo o segmento religioso, Gonçalves afirma: “Somos apenas 5 artistas e 4 músicos, mas representamos hoje 30% de evangélicos do país”. Conforme a jovem cantora Sarah Renata, ex-participante do programa The Voice Brasil, não existe uma única pessoa que possa representar o segmento evangélico, o qual é plural e muito diverso. “Representamos uma parcela grande, que se identifica com o que estamos dizendo”, disse à coluna.

A participação dos artistas evangélicos no Festival do Futuro traduz o sentimento de mais de 20 milhões de fiéis que votaram em Lula no último pleito. Sentindo-se, constantemente, agredidos e desrespeitados pelo apoio irrestrito que os principais líderes evangélicos deram ao ex-presidente Bolsonaro, os evangélicos eleitores de Lula se encontram esperançosos neste 1º de janeiro. As expectativas sobre o relacionamento do novo presidente da República com o movimento religioso são as melhores possíveis, como revela o cantor Clóvis Pinho: “A gente já viu Lula se relacionando com os evangélicos no passado. O presidente Lula, em todos os seus mandatos, implementou políticas a favor das organizações religiosas, esteve junto aos líderes evangélicos, contudo, o país continuou sendo laico. Não dá para saber, ao certo, todos os movimentos de Lula em relação à igreja, mas creio que ele seguirá esse caminho”. Parecer semelhante, sustenta o rapper paulistano MN MC: “Dentre os artistas que estiveram no palco, eu sou o menos conhecido. Ainda moro na favela e represento a classe trabalhadora evangélica. Para mim, esse momento é o símbolo histórico de uma renovação do evangelho no Brasil. Penso que Lula não dará privilégios aos evangélicos em troca da promoção de sua política, como fez Bolsonaro”.

* Rodolfo Capler é teólogo, autor de “O país dos evangélicos” e pesquisador do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP

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